Wladmir Paulimo
Do JC OnlineA definição de bardo nos diz que os tais eram encarregados de transmitir a história de seus povos em poemas citados, simultaneamente músico e poeta. Dentro deste conceito, Cazuza é facilmente incluído nesta lista. Sua obra é pequena, porém fundamental e ainda faz falta desde que ele deixou o planeta num 7 de julho, há 20 anos. Difícil encontrar na música brasileira um letrista com tanto fôlego depois da Tropicália.
A música sempre esteve presente na vida do cantor, filho único de Lúcia e João Araújo e chamado Agenor de Miranda Araújo Neto na certidão de nascimento. A mãe chegou a gravar uma música "Peito Vazio", de Cartola, para a trilha sonora de uma novela. Mais tarde, o pai fundou e dirige até hoje a gravadora Som Livre. Mesmo assim, o filho demoraria um pouco para ingressar de vez na carreira. Durante a adolescência e início da vida adulta tentou de tudo: fotografia, arquitetura, comunicação... Sua casa era ponto de encontro de Caetano, Gil, Novos Baianos e tantos outros monstros da MPB.
A única coisa que o prendia eram os livros. Na época, quando a ditadura militar dava seus derradeiros passos, autores "malditos" das três décadas anteriores começavam a chegar ao Brasil: Jack Kerouac, Allen Ginsberg (e os demais beats), Henry Miller. Eles o influenciaram profundamente, tanto no comportamento quando no caminho artístico que resolveu seguir.
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A primeira investida foi como ator, no grupo Asdrúbal Trouxe o Trombone. Numa apresentação, em que o filme A Noviça Rebelde era satirizado, cantou pela primeira vez e encantou a mãe, que estava na plateia. Pouco depois disso, Leo Jaime foi convidado por uma banda chamada Barão Vermelho. Ao ver o som pesado dos garotos, disse que tinha um amigo que gostava de gritar, Janis Joplin e o rock dos anos 60. Ele atendia pelo nome de Cazuza.
Poucas semanas depois, Cazuza iria a um ensaio do grupo, no bairro do Rio Comprido. A empatia foi imediata, principalmente com o guitarrista Roberto Frejat, com quem formaria uma das mais entrosadas duplas de compositores do rock nacional. Completavam o Barão: Dé Palmeira (baixo), Maurício Barros (teclados) e Guto Goffi (bateria).
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